julho 02, 2012

A primeira fábula.

Um simples dia, um céu ensolarado, um vento malicioso levantando sua saia... mais um dia indo para sua casa e enfrentando aquela dificil jornada de 12 horas de viagem. Mais uma viagem que teria tudo por ser uma daquelas que você ficaria entediada e estressada, mas não.
Aquele rosto não saiu de sua cabeça. Uma pessoa que todos julgariam desprezivel com seus trajes sujos, um sapato rasgado e um pedaço de arame da mão. Sem jeito por ter sido desprezado e ignorado por todos que se encontravam naquele lugar, ele pede um minuto de atenção daquela garota parada.
- Por favor, eu poderia conversar com você por um minuto e mostrar meu trabalho?
Aquela garota que antes parecia ter um semblante sério sorri para ele e lhe dá um bom dia. Parecia estranho aquilo, mas era real.
- Eu faço artesanato, queria mostrar meu trabalho pra você e perguntar se você poderia me ajudar com algumas moedas.
A garota que até o momento não havia falado nada continua a sorrir e responde um "Sim!".
- Então, qual é o teu nome jovem?
- Me chamo Amanda.
Aquele homem olha para o horizonte, sorri e lhe responde:
- Belo nome! Tens um nome forte, marcante - enquanto isso ele torcia aquele pedaço de arame que antes era sem vida e agora tomava uma nova forma - e dizem que são garotas discretas mas com forte presença. O que você faz?
- Sou estudante, estou correndo pelo tempo perdido!
- Tempo? Eu já não sei mais o que é isso! Isso de tempo eu abandonei há muitos anos atrás quando eu era mais um no mundo em busca da 'perfeição', hoje eu sou um homem sem noção do tempo, isso é relativo. Eu decidi ser livre, achei melhor, acho melhor. Mas agora vivo na rua e faço arte, a arte que para alguns é realmente arte, para outros é pura vadiagem. Alguns acham que o que faço é bandidagem, acham que fico aqui para roubar cada um de você, hipócritas.
A jovem sorri mais para o homem e olha para sua mãos que com delicadeza moldam aquele pedaço de arame.
- Sabe Amanda, aproveite agora, ame a cada dia, viva a cada dia, mas da maneira certa. Se estás estudando e gosta, continue. Não deixe de fazer o que gosta. Eu to aqui na rua mas gosto disso, por mais que as pessoas digam que eu sou inútil isto é a opinião delas. Pra mim eu tenho um papel nessa sociedade, por menor que seja ou pelo menos eles pensam assim. Toma aqui Amanda, esse é de presente pra você, seu nome.
Entregando aquele pedaço de arame para ela e saindo devagar, a menina pediu para que esperasse, tirou algumas moedas do bolso e disse:
- Não importa o que digam, o que vale é seu coração. Se sente-se bem fazendo o que gosta é isso o mais legal. Não perca essa sua essência, esse seu jeito, vale a pena lutar pelo que gostamos. Toma essas moedas, não é muito mas é para ajudar. Mas o que realmente e que mais importou hoje foi essa conversa, obrigada.
Aquele homem saiu com um sorriso no rosto tentando ter uma conversa com mais pessoas que se encontravam naquele lugar, todos ali o ignoraram por sua aparência. Mas aquela garota... nunca se esquecerá daqueles olhos tristes mas que lhe passaram uma vida nunca vista antes.

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