Uma manhã que parecia que tudo daria certo naquele dia, mas isso foi até abrir a janela do seu quarto e deixar aquele bafo entrar sem ser convidado.
O sol fazia um peso sobre sua cabeça sem igual, a enxaqueca voltara com força total e isso tinha um motivo: queria que ela ficasse em casa.
As pessoas na rua sorriam com seus companheiros, os filhos corriam atrás de uma bola oval e os cachorros babavam.
A cidade fervilhava, todos decidiram sair no mesmo momento: campanha politica nas esquinas, bandeiras vermelhas, brancas, amarelas. Pessoas anormais gritavam "Vamos votar, é nosso...", enquanto a mulher gritava isso, uma outra pessoa enquanto passava empurrou-a e começou a briga.
Apertou o passo e não quis presenciar tal cena repugnante. Enquanto isso olhava calmamente os detalhes em cada calçada daquela cidade, havia muita beleza onde poucos conseguiam enxergar algo de bom. Pessoas vendendo seus trabalhos, quadros, livros, artesanatos. Porque tudo aquilo era ignorado pelos outros? Porque as pessoas não conseguem ver o belo de uma outra maneira?
Todos tão massacrantes, tão covardes em aceitar que naquela cidade ainda havia beleza, não precisavam fingir algo que não eram.
Olhei para o outro lado da rua, não queria passar pela praça, mais pessoas sorrindo sem nenhum motivo. Mais desgosto em ve-las felizes. Eu sabia que havia algum problema em minha cabeça, lembrei e culpei a enxaqueca.
Havia mais uma longa caminhada pela frente, a pergunta não parava: Porque saiu de casa?
Corri pela ruas, era como se ninguém pudesse me ver. Corri como se houvesse um chicote atrás de mim. Fugir daquelas pessoas... era necessário.
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